OR.'. Juiz de Fora

Trabalho realizado em 16 de maio de 1928, pelo nosso saudoso Ir.'. Jacintho Rodrigues da Costa, então Ven.'. da Loj.'.

Os dois últimos quarteis do século XIX foram de grande agitação política para o Brasil. Se a nação passava pelo candinho de uma nova era de progresso material intelectual, não menos a maçonaria brasileira sofria os embates de uma guerra incessante ante os poderes jesuíticos, e assim marchava, assediada por todos os lados - luta pela sua estabilidade interna, luta pelo alevantados ideais em benefício da sociedade, luta, finalmente, pela implantação do regime da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

O governo monárquico acabara de aniquilar de vez os tentáculos tirânicos do déspota do Paraguai. Nessa luta inglória de extermínio de irmãos, o Brasil perdera mais de cem mil vidas e despendera para mais de setecentos milhões de cruzeiros.

Colocados no poder diversos Iir.'., o País tratou logo de incrementar a indústria, as artes, o comércio, as ciências e a instrução do povo.

Surge, entretanto pela intriga dos sotainas, uma questão, aliás mais perigosa que a guerra com os nossos vizinhos – as hostilidades entre o clero e governo.

Este tem o placet das Bulas e Breves, faculdade que importava no controle das deliberações papais, mas os bispos podiam suspender, excomungar e ana-tematizar qualquer padre.

Em consequência destes poderes conferidos dubiamente, o bispo de Olinda entrou em conflito com a Maçonaria, provocado pela Pastoral de 21 de novembro de 1872, que feria diretamente os direitos de diversos maçons, como partes integrantes de uma irmandade religiosa.

Processando e pronunciando, é preso para cumprimento da sentença de 2 de janeiro de 1874. A luta segue seu caminho de grandes acontecimentos.

O bispo do Pará rebela-se contra o Governo e declara-se solidário com o seu colega, sendo também preso e condenado. São mais tarde processados.

O elemento servil, um dos assuntos mais palpitantes da época, cresce e assoberda do país; em todos os rincões da terra do Cruzeiro do Sul botam surtos de reforma cívica, apostolados pelos espíritos libertos dos Pedreiros Livres. A maçonaria na pessoa de seu Gr.’. Mest.’. o insigne político Visconde do Rio Branco, quando no Ministério, nos da a tão almejada Lei do Ventre Livre, promulgada em 28 de setembro de 1871, que só foi regularizada para execução em novembro de 1872.

O trabalho maçônico não fica circunscrito em nossas placas – vai além. Apesar dos obstáculos, oposto pelos agentes incubados de Pio IX, fundam-se os Ssup.’. Ccons.’. das repúblicas espanholas: Chile, Paraguai e Guatemala, além de muitas Lojas e jornais em diferentes pontos da América do sul. Este Papa, na sua agonia moral, não esmorecendo dos seus propósitos retrógados, sempre desfeitos pela luz irradiante dos Maçons, concita o Bispo de Olinda a desobedecer as encíclicas existentes contra os mesmos, chega ao disparate de condenar a Maçonaria pela terceira vez. Secundando esta obra de morte à nossa Ordem talhada grosseiramente pelo Vaticano, é bom lembrar, Leão XIII, que em 1892, condena a nossa Sublime Ordem como monstruosa, ímpia, criminosa; como inimiga da igreja de Deus, do trono e do altar!!!

Foi, pois, nesse ambiente de asfixia moral, entre choques de ideias multi cores, de controvérsias malévolas, de perseguições políticas e associativas, que um pugilo de irmãos, guiados pela mão segura do saudoso Dr Christovam Andrade, unidos por um só credo filosófico, objetivando o mesmo escopo, se entenderam e comungaram a ideia altissonante da fundação desta Loja.

Primeira Reunião

Às 8 horas da noite de 12 de março de 1870, justamente 11 dias após a morte do ditador, Solano Lopes, em casa alugada para este fim, realizou a FIDELIDADE MINEIRA a sua reunião preparatória, achando-se presente os Iir.’.

  • Dr. Christovam Rodrigues de Andrade – Ven.’.
  • Dr. José Moreira da Roha – 1º Vig.’.
  • Dr. José Corrêa e Castro – 2º VIg.’.
  • Dr. Avelino Rodrigues Milagres – Orad.’.
  • Dr. Agostinho Antônio Corrêa – Secret.’.
  • Dr. Ricardo José de Araújo – Tes.’.
  • Dr. José Caetano de Morais e Castro – Mest.’. Cer.’. Dep.’.

Na sua Segunda sessão, que se verificou a 28 de novembro de 1872, existente no nosso arquivo, como se evidencia do Livro de Atas Nº1, apareceram mais os irmãos José de Paula Queiroz, João Gomes Loureiro, Manoel Cândido, Nuno Telmo da Silva Melo, José Joaquim Martins de Araújo, Hermógenes Martiniano Mendes, Jovelino Francisco de Assis, José Maria Aguiar Leite Pinto e Francisco Antônio Brandi.

À chamada da terceira sessão responderam mais os irmãos Eduardo Teixeira de Carvalho Hungria e Victal Vaz do Espírito Santo.

Daí por diante outros nomes de vultos eminentes vão acrescendo a brilhante constelação que ilumina a nossa Oficina.

A que servira de Templo provisório e arrendada para isso, pertencia ao Tenente Manoel de Castro Guimarães.

Louvor

O primeiro voto de louvor dado pela Loja foi distinguido ao Ir.’. Dr Morais e Castro, pela dedicação inigualável e amor exemplar dos serviços que vinha de prestar sem interrupção para o bom êxito da organização e instalação da Loja.

Assim, também o primeiro exemplar do Reg.’. Ger.’. da Ord.’. foi obsequiado pelo prestimoso Ir.’. Nuno Telmo.

Escravos

Este mesmo Ir.’. Telmo foi quem propôs para que a instalação fosse solenizada com o ato de libertação de duas crianças cativas. Propôs também, sendo aceito seu afilhado Eduardo Hungria, para membro instalador da Loja.

Questão

Na terceira sessão – primeiro de dezembro de 1872 - surge a primeira questão profana com os herdeiros do Barão de Ibertioga, questão que traduzia claramente as perseguições movidas contra os maçons pelo jesuitismo. Fica estabelecido, nenhum debate, que fossem realizadas duas sessões por semana – às quartas-feiras e sábados.

Contribuições

Em 7 do mesmo mês aparecem as primeiras contribuições pró Templo e espontaneamente é fixada em 100$000 Rs per capta. Nessa ocasião Ir.’. Ven.’. oferece 200$000 Rs e declara que assim procedida sem prejuízo de outros donativos que desejava fazer.

Instruções

Foi na sétima sessão, 28 de dezembro que iniciou a série de sessões de instrução, isto é, em que os Iir.’. exercitavam o conhecimento consciencioso de seus graus.

Não bastando os acontecimentos prenhes de incertezas, de desconfianças de delações pérfidas e tantas outras dificuldades que justificariam legítimo esmorecimento dos espíritos empreendedores, como já vimos, eis que é chegado o ano de 1873 que, se nos oferece motivos de alegrias, vem ele infelicitar Juiz de Fora com as epidemias da febre amarela e da varíola, que tantas vidas preciosas ceifaram.

Força é que procedamos um registro fiel, embora que sintético, rebuscado ou nossos alfarrábios, para que o nosso histórico se envolva, como é de justiça, no manto da verdade, impondo-se desta arte, à admiração respeitosa e agradecida por parte daqueles que nos olham.

Diz Sanit Real que pesquisar a história, principalmente os fatos que nos dizem respeito é conhecer os homens, de que ela é o retrato colorido, com as suas feições de beleza e deformidades. É pois, nosso dever imperioso averiguar, para compreender as opiniões, as razões, as paixões dos homens, para daí concluirmos a sua eficiência. Em 8 de janeiro é discutido e aprovado o primeiro relatório financeiro e apresentado pelo Ir.’. Tes.’. Morais e Castro que, como Mest.’. de Cer.’. era o encarregado de todos os arranjos. E assim resumindo: Despesas da adaptação da casa:

  • Destinado à Oficina...................................3.903$300 Rs
  • Redução feita pela Com. Organizadora.....623$200 Rs
  • Pago..........................................................3.000$000 Rs
  • Ficou restando............................................280$000 Rs

Nesta sessão tem ingresso o primeiro visitante padre Dr. Paulo Grande, diretor do Colégio Progresso, desta cidade.

Este Ir.’. requereu e foi aceito membro instalador, oferecendo em seguida lugar para três meninos que, por indicação da Loja, estudariam gratuitamente, em seu estabelecimento de ensino.

Grassa a febre amarela, que dizima muitos entes queridos dos nossos Iir.’. e muitos deles são, graças ao Gr.’. Arq.’. do Univ.’. salvos da morte.

Os membros da Loja são incansáveis nos préstimos pessoais, prestando e dispensando socorros interruptos a todos os necessitados, sem distinção de credo, raça, política, religião e condição social.

Nem assim deixa de haver sessão com assistência regular!

A 12 de março, data que vem coincidir com a da primeira reunião e portanto três anos justos, de esforço humano, é estabelecida a joia de 100$000 Rs para os membros instaladores.

A 17 DO mesmo mês é dado o conhecimento oficial de que o Ir.’. Paulo Grande é suspenso das ordens eclesiásticas,devido à obra de tenaz perseguição dos jesuítas – simite com similibus facile conjuganter. E pois, este Ir.’., a primeira vitima do poder tenebroso romano.

Em 2 de maio a Loja deliberou pranchear ao Gr.’. Or.’. achar-se pronta a FIDELIDADE MINEIRA para ser instalada e regularizada pelos altos poderes maçônicos do Brasil.

A 4, se procede a primeira iniciação do profano Antônio Pinto de Carvalho, ad-referendus.A 9, são também iniciados os candidatos:

  • Eduardo Braga
  • João Luiz Alves
  • Henrique Xavier de Lima
  • Joaquim Francisco da Silva
  • Carlos Fernando Nitsch
  • Luiz Lauriano
  • Bernardo Justiniano
  • Sebastião Luiz Carneiro
  • Jacob Abrahão
  • Eduardo Hungria
  • Candido Teixeira Tostes

Em 28 de maio é resolvido o programa da solenidade da instalação, assim concebido: - Instalação a 1º de junho, Domingo; nomeação de comissões de recepção e ornamentação; hospedagem dos representantes; traje de rigor, sessão branca e convite às autoridades, etc.

É focalizado o assunto do dircurso do Ir.’. Alencar Araripe, pronunciado no dia 24, na Câmara dos Deputados, na Côrte, a favor da Ordem, discurso que fora publicado na integra no “Jornal do Comércio” e destrói todos os conceitos malévolos, arquitetados pelos inimigos da Maçonaria.

À 31 a comissão de recepção e outros Iir.’. salvam um infeliz que se atirava no rio Paraibuna nas proximidades da residência do Ir.’. Comendador Vieira Christo. Este Ir.’., Eduardo Braga, Luiz Loureiro, Sebastião e o Ven.’. se encarregaram da criação e educação de seis crianças que perderam sua mãe naquele dia. O Ir.’. Luiz Loureiro faz entrega no Templo exigidamente ornamentado. O tronco de beneficência grava nas páginas da história inteira da Loja a belíssima medalha cunhada de 462$200 Rs. Na tarde desse mesmo dia chegam as dignidades, que são hospedadas condignamente no “Hotel União”.

1º de Junho de 1873

Com a assistência das mais distintas famílias, a Comissão Regularizadora, representada nas pessoas eminentes do Gr.’. Mest.’. Ger.’. padre Dr. José Luiz de Almeida Martins, jornalista Quintino Bacayuva, Inspetor Geral Francisco Antunes da Silva Guimarães e Nuno Telmo da Silva e Mello, no interior do Templo e em sessão branca no Gr.’. de aprendiz, é aberta a sessão pelo Gr.’. Mest.’., que procede a leitura do Título Constitutivo e faz a entrega da Constituição e demais documentos concernentes.

Em seguida defere o juramento às Lluz.’., OOf.’. e funcionários. É nessa ocasião de alta solenidade quão dignificadora daquele conjunto de energia, que resoam pela primeira vez também, neste recinto, as mais justas e entusiásticas aclamações espontâneas por três vezes três. O Gr.’. Mest.’., serenadas as manifestações, dirige brilhantíssima alocução referente ao ato, demonstrando em frases eloquentes, qual a verdadeira significação da Maçonaria para com a humanidade. A assistência, não podendo soptar as vibrações naturais do momento rompe, unissoma, uma viva altiloquente à Maçonaria Brasileira e ao Gr.’. Mest.’..

O Gr.’. Mest.’., transmite o 1º malhete ao 1º Gr.’. Vig.’., cobre o Templo e, ingressando daí a pouco, traz pela mão a escrava Honorata, de 14 anos, e declara à Of.’. que ela trazia consigo Rs 411$000 Rs para conseguir a sua liberdade.

Retomando o malhete e no meio de religioso silêncio, diz que Honorata era livre desde aquele momento, pois havia aplicado o metal necessário pertencente ao Tes.’. do Gr.’. Or.’. para completar a soma do preço exigido estimado em 900$000 Rs, o que fazia em homenagem ao levantamento da Loja, ora instalada, mediante o testemunho do povo, justamente numa ocasião em que o jesuitismo hasteava bandeira de guerra acérrima à liberdade de pensamento.

A Of.’. ergue-se eletrizada pelo ato de surpresa. Há como que um recolhimento espiritual, elevando preces ao Gr.’. Arq.’. do Univ.’. por mais esta dádiva de graças divinas concedidas ao povo maçônico. Cobre o Templo os Iir.’. Ven.’. e Sec.’.. Momentos depois voltam com outra escrava – Tereza, de 18 anos, a fim de que seja auxiliada pela Loja na sua alforria. A Loja vivamente resolve a sua liberdade, ato que é expressivamente aplaudido pelos presentes.

O Gr.’. Mest.’. agradece com imensa alegria aos OObr.’. pelo ato que vinham de praticar, arrancando dos grilhões do cativeiro mais um nosso semelhante, devolvendo-o a Pátria e aos seio da Família, livre.

Agradecendo ao Gr.’. Mest.’., o Ven.’. produz magnífica peça de oratória, significando-lhe a gratidão dos Iir.’. e a todos manifestando imorredouros agradecimentos.

É concedida então a palavra ao Orador da Of.’. o Dr. Avelino Milagres. Foi simplesmente o eloquentíssimo!

Sua palavras, recitadas com verdadeira unção, pareciam que vinham do alto. Transfigurado, a todos infundiu funda impressão – não era um mortal que pregava – mais um anjo que baixado à Terra, vinha, pelo seu verbo inconfundível, semear a plenitude divina da harmonia, da paz, da sabedoria, da fraternidade!

Fala depois o Ir.’. Gr.’. Vig.’., padre Almeida Martins, que discorre saisfatoriamente sobre os desígnios da Maçonaria para os destinos da humanidade.

Por fim, levantam-se Quintino Bacayuva, o político de têmpera rígida, o príncipe da imprensa brasileira, maçom insigne, e saúda o primeiro republicano da terra brasileira – Saldanha Marinho.

Encerrada a sessão, forma-se a cadeia de união e pela primeira vez é transmitida pelo Gr.’. Mest.’. a palavra semestral, e todos se retiram em paz.

A 3 de junho o Ir.’. Luiz Loureiro, sempre esforçado, consegue que se institua “o fundo de libertação”, já ficando em caixa 41$000 Rs.

Posse

É procedida a 10 de julho, sendo eleita a seguinte diretoria:

  • Ven.’. – Christovam Rodrigues de Andrade, dr.;
  • 1º Vig.’. – José Corrêa e Castro, dr.;
  • 2º Vig.’. – Joaquim de Almeida Pavoas, dr.;
  • Orad.’. – Avelino Milagres, dr.;
  • Sec.’. – Agostinho Corrêa, dr.;
  • Tes.’. – Manoel Francisco de Assis;
  • Chanc.’. – Victal Vaz do Espírito Santo;
  • Hosp.’. – Guinter Adolpho Fassheber;
  • Cob.’. – Henrique Xavier de Lima;
  • Mest.’. Cer.’. – Hermogenes Martiniano Mendes;
  • Deput.’. – José Caetano de Moraes e Castro;

A 21, ou seja, vinte dias de pleno vigor, é proposto e aprovado o projeto de elevação de Cap.’..

A Loj.’. no seu avanço indômito é golpeada durante pela Parca, registrando seu primeiro luto com o falecimento do Ir.’. Domingos Damas, ocorrido a 15 de outubro; A 22 de novembro mais outro golpe tremendo vem emudecer as almas sensitivas que foi a morte do Ir.’. Comendador Guilherme Halfeld.

Posse

Só é realizada a 7 de dezembro; a 20 deste mês é ultimada a libertação da escrava Thereza, que exigiu ação da justiça e dispêndio de dinheiro que a lei prescrevia sob o título de resgate.

A Loj.’. toma sem tibieza, conhecimento da perseguição baixa exercida pelo clero contra o Colégio do Ir.’. Padre Almeida Martins, fato que foi comunicado pelo Gr.’. Or.’..

Em 1874

Junho: - Depois de um ano de labor incontido cheio de atribulações morais e dificuldades materiais é o Ir.’. Moraes e Castro, grandemente louvado e sinceramente agradecido, pela Of.’. pelos revelantíssemos serviços que prestara com abnegação altruística ao povo, durante o período varioloso que assolara a cidade. O Ir.’. Vem.’. também é com a máxima satisfação de todos os Oobs.’. coberto de aplusos delirantes, por ter sido abolvido de um processo que o jesuitismo negro lhe movera infamemente.

Em 1874

Sobre as nossas datas legítimas que consignam o marco dos nossos princípios básicos, existe, infelizmente, um equívoco grave, o qual, aliás, nunca trataram de dissipar. Dispensado-se de encarecer neste pálido esboço as consequências desastrosas, senão prejudiciais decorrentes de tão lamentável engano, como só e acontecer.

Festejamos hoje, seguindo consta do livro de matrícula da Gr.’. Secret.’. Ger.’. a data de 16 de maio de 1872, como sendo a data da instalação definitiva.

Comemoramos, pois, o 56º aniversário natalício, parecendo ser esta também a primeira vez em que a Loj.’. se desobriga deste dever sagrado, motivo de orgulho para os da atualidade.

No arquivo de nossa Of.’. existe o livro de Atas nº 1. Nele, logo à primeira página, esta lavrada a ata da primeira reunião, aos 12 de março de 1870, documentando de modo irretorquível sua fundação, às 8 horas da noite.

Traz o termo a assinatura de próprio punho dos Iir.’. componentes da diretória provisória.

Se bem que o título de provisória, como um culto à verdade, como respeito ao mérito deste registro, devemos reconhecer aquela data como a legítima e real da fundação.

É sem dúvida alguma que a causa primordial desse decantado equívoco fora o estado anômalo que reuniu no Gr.’. Or.’. de 1863 à 1883, período em que ocorreram sérias cisões no seio desta alta potência maçônica brasileira; Daí os enganos de escrituração na Secret.’. Ger.’.. Por questão de poderes administrativos, quando imperava o Gr.’. Or.’. dos Beneditinos, sobre o malhete de Saldanha Marinho; Em 1863 surgira certa corrente dissidente que, dirigida por Rio Branco, funda o Gr.’. Or.’. do Brasil do Lavradio.

Não foram poucas as Loj.’. que sofreram com esse sucessos antipáticos, aliás prejudiciais a estabilidade da Ord.’..

Daí o resultado de muitos enganos nas regularizações, sendo a nossa Loj.’. uma das prejudicas nos seus direitos de primazia. A Loj.’. Fidelidade, de São Paulo, em 1869, chegou mesmo a manifestar de não se filiar a nenhum dos dois Oor.’., por nenhuma apresentar estigma de um corpo legal! Esta momentosa questão só terminou em 1872, (talvez esteja aqui o engano contra nós). Saldanha Marinho e Rio Branco, para combaterem o inimigo comum o jesuitismo acordaram a fusão, e, desta arte, a 20 de maio, foi formado o Gr.’. Or.’. Unido do Brasil. Nas eleições gerais a hidra da discórdia ainda imperava e surge nova cisão. Rio Branco anulara a fusão.

As potências estrangeiras não reconheceram o seu ato e Saldanha Marinho, voltou a dirigir o Gr.’. Or.’. Unido do Brasil no Templo dos Beneditinos.

Finalmente, em 18 de janeiro de 1883, são de vez unificados os dois corpos maçônicos, florescendo então o Gr.’. Or.’. do Brasil, com sede no Lavradio.

Liberdade Política

Como membros integrantes desta Aug.’. Loj.’. alimentamos com imenso jubilo e justificado orgulho de, entre as efemérides áureas da nossa Of.’. se registra o fato histórico, de eminente relevo na evolução social do nosso querido Brasil, de que o último congresso republicano se realizou neste Aug.’. recinto.

Na época em que a repressão férrea do poder monárquico atingira o máximo na violência contra as ideias livres contra os homens e corporações, desferindo golpes diretos aos pioneiros do regime democrático, perseguindo sem tréguas aos grêmios verdadeiras forjas desse nosso sistema cívico-político, o único compatível com a nossa mentalidade brasileira o fato se reveste de invejável magnitude da mais nobre e altiva elevação moral.

Assim foi que para manieta o avanço da propaganda do Governo do Povo, para o Povo e pelo Povo, o ministério de então, além de dispor de todos os meios prepotentes e dos recursos arbitrários, ainda contrapôs como trunfo invencível: os ambiciosos escravocratas, as confrarias fradescas, a supertição das municipialidades e a ignorância crassa dos poderes provinciais, e, mais ainda, a sociedade subvencionadas pela Coroa imperial e os espíritos retrógrados.

Mas como esse empreendimento de grande vulto estava sob as faculdades intelectuais de vanguardeiros sinceros, cheio de fé, entregues à causa de corpo e alma, porquanto, maçons eram eles, a tudo superou, nada os entibiou.

Foi na maçonaria e neste TEMPLO que, contra as iras do clero romano, das potestades negras do governo, os congressistas, a coberto, realizaram o último congresso republicano.

Daí temos que nos render a evidência de que, naquele tempo de obscurantismo a nossa Arte Real personificada na Maçonaria Brasileira era de fato uma potencia político-cívico-social.

Nem o poder imperial se atreveu a interpor-se às resoluções dos nossos saudosos Iir.’. consentindo sessões republicanas neste casa, em plena efervescência da política nacional.

A guisa de ensaio ofereço este despretencioso estudo para que posteriormente a Loj.’. se digne organizar o seu histórico até os nossos dias, para honra e glória dos antepassados.